Agentes Químicos que Valem para a Aposentadoria Especial

Os agentes químicos são um dos maiores motivos para os brasileiros conseguirem uma Aposentadoria Especial.

E apenas 2 em cada 10 trabalhadores conseguem sua aposentadoria especial sem precisar entrar com um processo judicial?

O INSS aplica inúmeras restrições ao reconhecimento do trabalho insalubre com exposição a agentes químicos.

Tudo que eu vou falar aqui vale para a aposentadoria especial no INSS ou para aposentadoria especial do servidor público.

Eu vou desmistificar este tema e colocar na mesa tudo que você precisa saber sobre agentes químicos na aposentadoria especial:

1. Quais são os agentes químicos?

Se você perguntar para o INSS, é bem provável que ele diga que os agentes químicos insalubres estão listados na Norma Regulamentadora 15 (NR 15) e no anexo IV do decreto 3.048/99.

Isso é verdade.

Mas não é só ali que são encontrados

Dos mais de 23 milhões de compostos químicos, dos 60 mil produtos químicos usados industrialmente, apenas cerca de 200 estão na NR 15.

Novos agentes químicos são criados e comercializados todo o dia. Então a NR 15 é um indicativo já normalizado dos agentes insalubres.

Mas algum agente químico não listado na NR 15 pode também ser considerado insalubre.

Então o primeiro passo para saber se o químico ao qual você esteve exposto é considerado pelo INSS é ver as listas oficiais:

  1. Agentes químicos de insalubridade qualitativa
  2. Agentes químicos de insalubridade quantitativa
  3. Insalubridade do benzeno

Se não estiver ali, ainda pode ser possível o reconhecimento da atividade especial.

Estive exposto a um agente químico que não está na NR 15 e nem no anexo IV do Decreto 3048/99

Os agentes químicos possuem a Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ).

Nela é possível colher mais informações sobre o agente químico, controle de exposição, propriedades física e químicas e outras informações que podem te ajudar a considerar um período como especial, mesmo que o químico não esteja no Decreto ou na Norma Regulamentadora.

Outra alternativa é usar decisões em processos trabalhistas referente ao agente químico como prova, ou início de prova, no reconhecimento da atividade especial no processo de aposentadoria.

2. Agentes químicos qualitativos e quantitativos

Para o seu período ser considerado especial, muitas vezes não basta apenas você ter trabalhado com determinado agente químico.

Há uma separação entre agentes qualitativos e quantitativos.

Os agentes qualitativos são aqueles que a caracterização da atividade especial NÃO depende da quantidade a qual você esteve exposto. Sua nocividade é presumida.

Os agentes quantitativos são aqueles que a caracterização da atividade especial depende da quantidade ao qual você esteve exposto.

Se a quantidade for abaixo do limite de tolerância, não é considerado atividade especial.

Vou te mostrar em detalhes.

Exposição Qualitativa

São agentes muito nocivos à saúde. Alguns até cancerígenos.

A simples presença deles no ambiente de trabalho já garante o direito à aposentadoria especial.

Vou te falar dos 5 agentes químicos qualitativos mais comuns que vejo aqui no escritório:

Hidrocarbonetos e outros compostos orgânicos é o mais frequente de todos e é comum para quem trabalha com graxas, tintas, vernizes e solventes.

Muito comum em diversas indústrias, como a metalúrgica.

Benzeno que está ligado à atividades relacionadas profissionais que trabalham com fabricação de cola, calçados, borrachas, soldagem, petroquímica, entre outras.

Arsênico que está presente em funções com tintas, inseticidas, conservação de madeira, com alguns medicamentos ou produtos em geral.

Chumbo que está presente no dia-a-dia de muitos trabalhadores que manuseiam tintas, esmaltes, alguns vernizes, munições e armas, indústria gráfica, fabricação de esmalte, cristal, etc.

Cromo é encontrado em atividades relacionadas a galvanoplastia, curtição de couro, pintados com pigmentos que possuem cromo, polimento de móveis e fabricação de cimento.

Fósforo é comum em funções de trabalhadores rurais através do contato com fertilizantes, manejo de solo, curtimento de couro, entre outros.

Carvão para quem trabalha de forma permanente no subsolo ou em operações a seco como britadores, peneiras, classificadores, carga e descarga de silos, de transportadores de correia e de teleféricos.

Mercúrio para quem trabalha na fabricação ou manipulação de compostos orgânicos de mercúrio.

Silicatos é comum para quem trabalha em subsolo, minas e túneis. Na operação de extração, trituração e moagem de talco.

Na fabricação de material refratário, como refratários para fôrmas, chaminés e cadinhos, recuperação de resíduos.

Exposição Quantitativa

Aqui está a maior parte dos agentes químicos.

Os agentes quantitativos possuem um limite de tolerância e a atividade só é considerada insalubre se a exposição for superior ao limite de tolerância.

Além do mais, o INSS e a Justiça realizam diferentes análises de alguns agentes químicos.

Como é a caso da radiação ionizante, onde o INSS encara de forma quantitativa esse agente.

Já a justiça entende que esse elemento deve ser analisado de acordo com uma exposição qualitativa.

Outro ponto bem relevante é que os agentes químicos cancerígenos, podem ser reconhecidos como Qualitativos na Justiça.

Mesmo que na Norma Regulamentadora esteja diferente. Então você deve ficar atento.

Use a NR15 e o Decreto 3.048/99 apenas como base, mas a melhor forma de ter êxito no seu pedido é não confiar plenamente neles ou na análise do INSS.

Você precisa saber como estão as decisões na Justiça para o seu caso e para o agentes aos quais você esteve exposto.

3. Como ver os Agentes Químicos no PPP?

O principal documento para comprovar os agentes químicos é o PPP (perfil profissiográfico previdenciário).

O principal lugar que você deve olhar é o campo 15 Exposição a fatores de riscos. Lá todas as informações de 15.1 a 15.8 devem estar preenchidas.

fatores de risco ppp

Vou detalhar o que significa cada campo do PPP:

  • 15.1 Período: Aqui vai estar o período de trabalho exposto a determinado fator de risco.
  • 15.2 Tipo: Aqui está listado qual o tipo do fator de risco, pode ser Q (químico), F (físico), B (Biológico). Algumas vezes pode aparecer E (ergonômico) e P (periculosidade).
  • 15.3 Fator de risco: é aqui deve estar detalhado qual agente químico você estava exposto. Confira se todos, absolutamente todos, os agentes químicos estão aqui.
  • 15.4 Intens/Conc: este campo indica a quantidade da exposição e é muito importante para agentes químicos quantitativos.
  • 15.5 Técnica Utilizada: alguns fatores de risco precisam de técnicas próprias para serem auferidos. Se a técnica não for a indicada legalmente, é possível questionar o PPP.
  • 15.6 EPC: indica se era usado EPC (equipamento de proteção coletiva) e se ele era eficaz para eliminar ou reduzir a insalubridade.
  • 15.7 EPI: indica se era usado EPI (equipamento de proteção individual) e se ele era eficaz para eliminar ou reduzir a insalubridade. A eficácia do EPI
  • 15.8 CA EPI: este campo indica o número do certificado de aprovação do EPI. Este número é usado para conferir a validade deste EPI e se ele era uma forma válida para eliminar a insalubridade do fator de risco.

O PPP é sem dúvida o principal documento para reconhecer a atividade especial e a efetiva exposição a agentes químicos.

Além dos campos que te mostrei, os outros campos também devem ser analisados para identificar inconsistências e erros nele.

E se não tiver PPP?

O primeiro passo é ir atrás dos PPP. Esta deve ser sua prioridade número um.

Eu aconselho que você comece a buscar por esses documentos meses antes de concluir seu tempo de aposentadoria. Isso pode adiantar sua aposentadoria no INSS.

Mas se por algum motivo você não conseguir ele, existem outras saídas.

4. Os documentos essenciais são

Esses são os documentos que você precisa ter em mãos na hora de pedir sua aposentadoria especial:

  • Carteira de Trabalho: é a sua maior aliada. Ela comprova qual atividade você exercia na empresa e é essencial para provar atividade especial por enquadramento da categoria especial.
  • PPP – O queridinho para conseguir a Aposentadoria Especial.
  • LTCAT – Laudo das Condições Ambientais de Trabalho: ele é feito na empresa e contém informações mais completas que o PPP, mas nem toda a empresa vai te dar esse documento.
    Caso você seja autônomo, você pode pedir a um Engenheiro de Segurança do Trabalho ou Médico especialista em Saúde do Trabalho para criar um LTCAT, que deve ser atualizado a cada 3 anos..
  • DIRBEN 8030 (antigo SB-40, DSS 8030): como o PPP só passou a existir a partir de 2004, você pode utilizar documentos antigos para conseguir sua aposentadoria especial que irão comprovar insalubridade ou periculosidade.
  • Perícias judiciais previdenciárias: se algum colega com o mesmo cargo que o seu já realizou uma perícia e obteve um resultado positivo, você pode juntar esse documento no seu pedido de aposentadoria.
  • Laudos de insalubridade em Reclamatória Trabalhista: caso você já possua uma trabalhista favorável, ela também pode te ajudar no processo de aposentadoria especial.
  • Certificados de cursos e apostilas: com eles você pode provar que realmente exercia sua atividade e apresentar indícios de que era insalubre ou periculosa. Esses documentos podem fazer bastante diferença para vigias, vigilantes e guardas.
  • Recebimento de adicional de insalubridade ou periculosidade: ele demonstra através dos holerites, a atividade especial que você trabalhada.
    Nesse caso, é interessante complementar com outras provas documentais ou testemunhais. Sozinho ele tem pouca força.

5. EPIs, a grande desculpa do INSS

Muitos trabalhadores acabam tendo seu pedido de Aposentadoria Especial negado, porque o INSS alega que o uso do EPI anula a insalubridade.

Isso acontece quando o INSS e empresas alegam que durante todo o tempo de trabalho, todo dia, foi usado EPIS de forma correta, com a devida periodicidade de troca e que eles eram capazes de elidir toda a insalubridade.

É seu trabalho comprovar que os EPIs não são o suficiente para anular todos os efeitos negativos dos agentes químicos.

O primeiro passo é analisar o PPP.

Os PPPs informam sobre sua atividade, os agentes em que você estava exposto, o uso de equipamentos de segurança, entre outras informações que te ajudarão a obter seu benefício.

Mas nem sempre os PPPs estão corretos. Eles podem alegar que o EPI era eficaz, quando na verdade não era.

Ou nem sempre os EPIs são eficazes por todas as vidas de contaminação: inalação, absorção cutânea e ingestão.

Mesmo se o PPP indicar o uso eficaz do EPI, ainda é possível:

  1. Confrontar a documentação de controle de EPIs pela empresa.
  2. Analisar validade dos EPIs pelo código deles.
  3. Discutir se o EPI realmente é o suficiente para eliminar a insalubridade.

Pela minha experiência, a maior parte das vezes é possível afastar o argumento do EPI e conseguir o reconhecimento da atividade especial.

Além disso, o EPI antes de 02/12/1998 não pode ser usado para descaracterizar a atividade especial.

Acontece que foi somente com a MP 1.729/03 em 03/12/1998 que se passou a exigir a informação se o EPI diminuía a intensidade da insalubridade.

6. Seus próximos passos

Agora você tem certeza que os agentes químicos podem garantir seu direito à Aposentadoria Especial.

Mas é preciso analisar com calma se o agente químico:

  1. Está regulamentado pelas normas previdenciárias. Se não estiver, é preciso um trabalho maior para comprovar a insalubridade.
  2. É qualitativo ou quantitativo. E verificar como é a posição judicial sobre cada agente que você esteve exposto.
  3. Está devidamente registrado no PPP. Se algo estiver errado, é preciso ir a fundo para comprovar que o PPP não está certo.
  4. Pode ser desconsiderado pelo uso do EPI. Este é um argumento comum do INSS que pode ser derrubado.

Se você está juntando a documentação e quer comprovar sua atividade especial, eu recomendo 3 artigos para você:

  1. Passo a Passo para Conseguir a sua Aposentadoria Especial
  2. 6 formas de comprovar o tempo especial das empresas falidas
  3. Aposentadoria Especial depois da Reforma da Previdência

O mais importante é se preparar, reunir toda a documentação e saber seus direitos antes de fazer qualquer pedido no INSS ou no seu Regime de Previdência.

Saber exatamente o que você tem direito evita que alguém te dê informações erradas que podem custar anos de aposentadoria ou deixar você recebendo menos do que deveria.

Aposentadoria Especial (Insalubridade) em 2024

Não é exagero nenhum dizer que aposentadoria especial vai acabar!

Eu como especialista tenho certeza que em poucos anos ninguém mais vai se aposentar com ela.

A reforma da previdência, em vigor desde 13/11/2019, começou a exigir idade mínima e colocou um redutor no valor da aposentadoria especial.

Neste post vou te mostrar:

1. Como fica a Aposentadoria Especial com a nova lei?

O governo exagerou nos requisitos e praticamente não vale mais a pena esperar para conseguir uma Aposentadoria Especial.

A partir da reforma da previdência, para conseguir esta aposentadoria você precisa cumprir esses requisitos:

  • 60 anos de idade para atividade de 25 anos de contribuição (quase todas)
  • 58 anos de idade para atividade de 20 anos de contribuição (amianto e trabalho em minas afastado da frente de produção).
  • 55 anos de idade para atividade com 15 anos de contribuição (trabalho em minas subterrâneas na frente de produção).

Os requisitos ficaram severos e muito parecidos com as outras aposentadorias propostas na reforma.

O caso de alguém que comece a trabalhar como metalúrgico aos 20 anos de idade, vai se aposentar 15 anos mais tarde comparado com a lei antes da reforma da previdência.

Isso se ele conseguir trabalhar 40 anos, sem intervalo, com uma atividade tão pesada e danosa à saúde.

2. A regra de transição que quase complicou tudo

Aposentadoria Especial do servidor público depois e transição com a Reforma.

O texto inicial da reforma previu uma Regra de Transição de pontos para a Aposentadoria Especial para quem já estava trabalhando com atividades especiais.

Até aí tudo bem… Mas também era mencionado um aumento progressivo dos pontos.

Felizmente esse acréscimo foi excluído da reforma na votação do Senado e não vale mais, restando somente a Regra de Transição sem o aumento dos pontos.

Os requisitos são:

  • Atividade especial de 25 anos de contribuição + 86 pontos.
    Atividade especial de 20 anos de contribuição + 76 pontos.
    Atividade especial de 15 anos de contribuição + 66 pontos.

Ponto é a soma da sua idade, do seu tempo de atividade especial e do seu tempo de contribuição (aquelas atividades não consideradas especiais).

Imagine a situação de Abel, trabalha exposto a frio excessivo. Ele possui 50 anos de idade e 24 anos de atividade especial em 2019 até que veio a reforma.

Sob as regras antigas, ela ia conseguir se aposentar em 2020, pois ia atingir os 25 anos de contribuição especial.

Mas agora com essa Regra de Transição ele precisa somar 86 pontos (além de 25 anos de atividade especial).

Em 2019 ele possui 74 pontos e só vai conseguir se aposentar em 2025 quando ele vai ter 56 anos de idade e 30 anos de atividade especial.

Conseguiu perceber como ela deixa bem mais difícil você se aposentar nessa modalidade?

3. O valor da nova Aposentadoria Especial

O cálculo da Aposentadoria Especial do Servidor Público.

Agora o valor da aposentadoria especial não é mais integral e nem usa apenas os 80% maiores salários.

A aposentadoria antes da Reforma era assim:

  • Média dos 80% dos maiores salários após 1994.
  • Sem o fator previdenciário.

Depois da reforma da previdência fica assim:

  • Média de todos os salários desde julho de 1994.
  • 60% desta média + 2% por ano de trabalho especial a partir dos 20 anos de atividade especial, para os homens, e a partir dos 15 anos para as mulheres.

Para atividades especiais de 15 anos, é 60% + 2% por ano a partir de 15 anos de atividade especial para os homens e mulheres.

Vou dar o exemplo da Lívia.

Lívia vai completar 28 anos de idade em 2020 e está começando a carreira como médica.

Se ela começar a trabalhar em 2020, depois da reforma da previdência, ela só vai ter direito à aposentadoria especial como médica com 60 anos de idade, lá em 2052.

Isso significa que a Lívia vai precisar de 7 anos a mais de trabalho para uma aposentadoria 25% menor que a lei antes da reforma.

E eu não dúvido que a lei mude de novo até 2052 e a Lívia acabe precisando de ainda mais tempo para uma aposentadoria muito pior.

Mas tem mais mudanças. Dê uma olhadinha:

4. O fim da atividade especial para adiantar aposentadorias.

Boa parte das pessoas não aguentam trabalhar 25 anos numa atividade insalubre. É penoso, desgastante e acaba com a saúde.

Outras vezes elas perdem a oportunidade de trabalho e não conseguem uma realocação no mesmo ramo.

Uma mudança enorme na proposta é o fim da conversão da atividade especial para acelerar e melhorar a aposentadoria por tempo de contribuição.

Antes da Reforma, o tempo em atividade especial pode ser usado ou para conseguir uma aposentadoria especial ou para adiantar e aumentar o valor da aposentadoria por tempo de contribuição.

Isso deixou de existir. Acabaram com a conversão de atividade especial em atividade comum.

Para deixar bem claro, vou dar o exemplo do Arnaldo.

Arnaldo trabalhou 20 anos em atividade especial, exposto ao ruído em metalúrgicas. Mas ele acabou perdendo o emprego e passou a trabalhar como vendedor.

Antes da reforma, esses 20 anos de atividade especial podem ser convertidos em tempo comum pelo fator 1,4 para homens e  para mulher é 1,2.

Isso significa que os 20 anos vão contar como 28 anos trabalhados na hora do pedido de aposentadoria no INSS.

Por conta da atividade especial, Arnaldo vai conseguir se aposentar 8 anos antes.

Mas depois da reforma, o jogo mudou…

Acabaram com esta conversão!

No caso do Arnaldo, os 20 anos de insalubridade não vão fazer diferença nenhuma para outras aposentadorias.

Ele perde os 8 anos adicionais.

Isto é, o tempo de atividade especial vale a mesma coisa que o tempo de contribuição comum.

Atenção: os períodos que você trabalhou com atividade especial realizados antes da reforma poderão ser convertidos em conta do seu direito adquirido.

Isto é, são os períodos de atividade especial feitos depois da reforma que não podem ser transformados em tempo de contribuição comum.

5. O quase fim da Aposentadoria Especial por periculosidade

O título já é autoexplicativo.

A Periculosidade quase deixou de ser considerada para a atividade especial depois que a reforma da previdência for aprovada.

Quem vai ser muito prejudicado por isso são os eletricistas e vigias.

O texto inicial da Proposta da reforma da Previdência dizia assim:

“vedados a caracterização por categoria profissional ou ocupação e enquadramento por periculosidade;”

Mas foi no último momento de votação da reforma no Senado que as palavras “enquadramento por periculosidade” foram retiradas da jogada.

O que aconteceu foi o seguinte: todos os senadores concordaram em fazer o Projeto de Lei Complementar 245/2019 para discutirem quais serão as classes de trabalhadores expostas ao perigo que vão ser considerados para fins de Aposentadoria Especial.

Eu, como especialista, acredito que vão incluir somente os vigias e os eletricistas, porque as atividades deles já eram consideradas como especiais antes da reforma.

Vale dizer que esse Projeto de Lei está parado na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal desde março de 2020.

Por isso te indico a ficar ligado em nosso blog porque qualquer novidade sobre esse tema, você receberá a notícia em primeira mão aqui no Ingrácio.

6. Como adiantar a Aposentadoria Especial e fugir das regras pós-reforma

Como você deve ter percebido, as regras da Reforma da Previdência já estão valendo, e isso desde o dia 13/11/2019.

Porém, ainda é possível que você consiga se aposentar com os requisitos anteriores à reforma.

Para isso, você deve ter 25/20/15 anos de atividade especial realizados até o dia que a reforma entrou em vigor (13/11/2019).

Tudo isso é possível graças ao direito adquirido.

Para verificar se você tem esse direito, o melhor caminho é tentar reconhecer todos os períodos especiais que você possui antes da reforma.

Dessa forma, você pode conseguir uma aposentadoria especial com a lei antes da reforma (com um valor de benefício mais alto) pelo direito adquirido ou diminuir o impacto violento da regra de transição.

Você pode tomar algumas atitudes para não deixar nenhum período especial passar batido:

  1. Juntar toda a documentação para reconhecer sua aposentadoria especial.
  2. Reconhecer a atividade especial mesmo de empresas que já fecharam.
  3. Conversar com um profissional sobre a possibilidade de reconhecer períodos que o PPP está desfavorável.

Se você ainda não está 100% por dentro sobre Aposentadoria Especial, separei 5 materiais que vão ser um guia para você agora:

  1. Passo a Passo para a Aposentadoria Especial.
  2. 4 dicas para conseguir a sua Aposentadoria Especial.
  3. Agentes insalubres na Aposentadoria Especial.
  4. Regra de Transição da Aposentadoria Especial | O que mudou?
  5. E se mesmo lendo tudo que eu te passei aqui você ainda está na dúvida se vai conseguir se aposentar neste ano eu separei esse post exclusivo para você

    Posso me Aposentar? Veja as Regras de Transição!

Auxílio-Doença 2024 | Como funciona e Quem Tem Direito?

O auxílio-doença é um dos principais benefícios do INSS. Ele serve para quem teve um problema de saúde e não vai poder trabalhar por um tempo.

Por isso, é imprescindível saber se você tem direito, quanto vai receber e o que fazer se o INSS negar o seu pedido de auxílio-doença.

Para receber esse benefício, o trabalhador precisa se encaixar em algumas regras que mudam conforme o caso. Aliás, volta e meia essas regras são ajustadas pelo governo.

Portanto, é preciso tomar cuidado ao pesquisar sobre esse assunto. Sempre que uma lei muda, muitos artigos ficam completamente desatualizados.

Com a Reforma da Previdência, em vigor desde 13/11/2019, houve uma pequena mudança, porém com grande impacto, em relação ao cálculo do benefício.

Vou falar mais sobre isso ao longo deste conteúdo, continue comigo!

O pagamento do auxílio-doença pode ser feito nos casos em que, por doença ou acidente, você fica temporariamente incapacitado de trabalhar.

Então, vou mostrar o que você precisa saber para receber o auxílio-doença.

Quem tem direito ao auxílio-doença?

Já mostrei aqui no blog que é necessário preencher três requisitos básicos para ter direito ao auxílio-doença:

1. carência – tempo mínimo pagando o INSS;

2. qualidade do segurado – período em que você tem o direito de pedir o benefício;

3. incapacidade laboral – impedimento do segurado de trabalhar na sua função.

São esses requisitos que podem acabar sendo alterados pelo governo, ou que podem mudar dependendo da época que você ficou doente ou que fez o pedido no INSS.

Os casos em que a pessoa não tem direito ao auxílio-doença são:

  • perda da qualidade de segurado: quando um trabalhador deixa de contribuir por mais de 12 meses para o INSS (ou mais tempo, dependendo do seu período de graça), ele perde seu direito sem esse recolhimento;
  • segurado recluso em regime fechado: quando o trabalhador é mantido em regime fechado, o seu auxílio-doença para de ser pago por 60 dias e, após esse prazo, o benefício é suspenso;
  • portador de doença/lesão preexistente à filiação no RGPS: quando o trabalhador já possuía uma doença ou lesão antes de começar a contribuir. Atenção: se a incapacidade para o trabalho tiver surgido por causa da doença já existente, então o trabalhado tem direito ao auxílio-doença;
  • incapacidade laboral por período inferior a 15 dias, para os segurados empregados: se a sua doença ou lesão deixá-lo incapacitado por menos de 15 dias, a empresa na qual você trabalha é responsável pelo seu pagamento durante esse período. 

Como funciona o auxílio-doença?

Você precisa ficar ligado em dois pontos para saber como funciona o auxílio-doença: carência e qualidade de segurado.

Carência

A carência funciona de forma parecida com a carência dos planos de saúde.

A mais comum é a de 12 meses (ou de 12 pagamentos).

Ou seja, é preciso que o trabalhador tenha feito pelo menos 12 contribuições para INSS para ter direito ao auxílio-doença.

Então, se você começou a contribuir em 01/03/2023, e continuou contribuindo por 12 meses, você vai cumprir a carência em 01/03/2024.

Qualidade de segurado

Cumprida a carência, você passa a ter a chamada qualidade de segurado, que é o direito de receber benefícios da previdência.

A sua qualidade de segurado será mantida enquanto você contribuir para o INSS.

Então, se você tiver um problema de saúde que o impeça de trabalhar, é muito provável que tenha o direito de receber um auxílio-doença.

Caso você pare de contribuir por um tempo, a sua qualidade de segurado pode ser perdida. De qualquer modo, fique atento, porque a lei garante a manutenção da qualidade de segurado por um certo período.

Calculadora da qualidade de segurado

Para saber se você tem qualidade de segurado, use a calculadora desenvolvida pelo Cálculo Jurídico.

Entenda: o Cálculo Jurídico é um software de cálculos utilizado por mais de 2 mil escritórios previdenciários.

Caso você não saiba, um dos fundadores do Cálculo Jurídico é o Rafael Ingrácio Beltrão, que também faz parte do trio de sócios aqui do Ingrácio Advocacia.

Vou explicar melhor o que essa calculadora faz.

O contribuinte obrigatório que parou de contribuir, seja empregado seja autônomo, mantém a qualidade de segurado por 1 ano e 45 dias. Não importa o motivo da perda do emprego ou qual foi a razão que o fez parar de pagar o INSS.

Se um cidadão que já cumpriu a carência perdeu o seu emprego em 31/03/2023, por exemplo, ele ainda terá o direito de pedir auxílio-doença. Isso pelo menos até 16/05/2024.

Se o segurado foi mandado embora do seu último emprego, ou seja, ficou desempregado de forma involuntária, ele conserva sua qualidade de segurado por mais 2 anos e 45 dias.

Mas, para isso, esse segurado vai ter que comprovar para o INSS que, mesmo desempregado, tentou uma recolocação profissional no mercado de trabalho.

Então, para comprovar que você estava buscando emprego, compartilhe o envio de currículos, e-mails de processos seletivos, candidaturas em sites de vagas de emprego ou qualquer outra forma que demonstre que você tentou procurar um serviço.

Lembre-se que, no exemplo acima, o trabalhador mantém o seu direito de pedir auxílio-doença até 16/05/2025.

Por outro lado, se o trabalhador contribuiu por mais de 120 meses para o INSS sem perder a qualidade de segurado (10 anos), ele ganha mais um ano: 3 anos e 45 dias.

quem paga INSS como facultativo, conserva a carência por menos tempo.

Na hipótese do segurado ser facultativo, a carência é de 7 meses e 15 dias. No exemplo acima, o segurado só pode pedir auxílio-doença até 16/11/2023. Isso se ele for facultativo.

Com a Reforma, os requisitos para conseguir o auxílio-doença continuam os mesmos.

3. O que mudou no auxílio-doença?

Antes, era possível que o contribuinte voltasse a obter a qualidade de segurado se deixasse de contribuir por um tempo, e, depois, voltasse a pagar por poucos meses.

Porém, o ano de 2019 foi um ano de grandes mudanças nesse assunto. Em janeiro de 2019, o governo alterou a regra.

A exigência era de que o trabalhador, depois de perder a qualidade de segurado, tivesse que contribuir novamente por mais 12 meses para poder ter direito ao benefício. 

No entanto, foi feita uma lei que mudou esse assunto de novo, em junho de 2019.

Desde então, é necessário contribuir durante 6 meses para ter direito ao auxílio-doença após perder a qualidade de segurado.

Tabela histórica da carência do auxílio-doença

Abaixo, confira a tabela histórica da carência do auxílio-doença.

A partir dela, você vai perceber como muita coisa mudou nos últimos anos.

Aliás, essa tabela também é importante, porque pode ajudar você a evitar confusões por conta da criação de tantas leis. Veja:

PeríodoCarência
até 07/07/20164 meses
08/07/2016 a 04/11/201612 meses
05/11/2016 a 05/01/20174 meses
06/01/2017 a 26/06/201712 meses
27/06/2017 a 17/01/20196 meses
18/01/2019 a 17/06/201912 meses
18/06/2019 até hoje6 meses

Na sequência, vou comentar o exemplo de um trabalhador que cumpriu a carência, mas deixou de contribuir por 5 anos.

Exemplo do Ricardo

Após Ricardo voltar a contribuir, ele recuperou sua qualidade de segurado depois de 4 contribuições antes de 2016.

Mas se Ricardo voltou a contribuir em 2018, ele precisaria de 6 contribuições para tornar a ter qualidade de segurado, ou, depois de 2017, de 6 contribuições.

Entre janeiro e junho de 2019, o trabalhador Ricardo precisaria de 12 contribuições.

Agora, porém, se você perder a sua qualidade de segurado, assim como Ricardo perdeu, deverá cumprir metade da carência (6 meses) para voltar a ter direito ao auxílio-doença.

Na prática, uma vez perdida a qualidade de segurado, a carência volta à estaca zero. O segurado enfrenta a mesma situação de quando se inscreveu no INSS pela primeira vez.

Cabe lembrar que a Reforma da Previdência não mudou essas regras.

Existe a isenção da carência para doenças graves?

Sim! Entretanto, toda regra tem exceções.

Em caso de doenças profissionais, acidentes de trabalho e acidentes de qualquer natureza ou causa, ou nos casos da lista abaixo, a perícia médica pode avaliar e aprovar a concessão do auxílio-doença sem carência.

Contudo, o benefício não é garantido só porque a sua doença está na lista.

Inclusive, também existem casos em que o problema não está listado, mas o trabalhador pode ter direito ao auxílio-doença.

Na dúvida, o ideal é consultar o INSS pela Central Telefônica de número 135. Ou, então, um profissional que atue com Direito Previdenciário.

A lei que dispõe sobre os benefícios da Previdência Social garante o pagamento do auxílio-doença, sem carência, nos seguintes casos:

  • tuberculose ativa;
  • hanseníase;
  • alienação mental;
  • esclerose múltipla;
  • hepatopatia grave;
  • neoplasia maligna;
  • cegueira;
  • paralisia irreversível e incapacitante;
  • cardiopatia grave;
  • doença de parkinson;
  • espondiloartrose anquilosante;
  • nefropatia grave;
  • estado avançado da doença de paget (osteíte deformante);
  • síndrome da deficiência imunológica adquirida (Aids);
  • contaminação por radiação;
  • acidente vascular encefálico (agudo);
  • abdome agudo cirúrgico.

Isso quer dizer que se você tiver alguma das doenças acima e comprová-la na perícia médica, o INSS pode conceder o seu auxílio-doença sem exigir carência.

Para os casos de acidentes decorrentes de trabalho, a carência também não é exigida.

Como a Reforma da Previdência não tocou nesse ponto, a isenção da carência para as doenças que mencionei acima ainda é válida.

Qual é o momento certo para pedir o auxílio-doença?

Contribuintes individuais, facultativos, trabalhadores avulsos e empregados domésticos podem pedir o auxílio-doença no momento em que ficam incapacitados.

Já os segurados empregados, urbanos ou rurais, têm que completar 15 dias de afastamento. Não são necessários 15 dias seguidos, basta que eles somem 15 dias dentro de um período de 60 dias.

Nos dois casos, lembre-se que é exigida a carência de 12 meses de contribuição, a não ser no caso das doenças graves.

O auxílio-doença acidentário (decorrente de acidente de trabalho), também segue a mesma regra dos 15 dias dentro de um intervalo de 60 dias. A diferença é que não se exige a carência de 12 meses neste caso.

A Reforma não alterou essas regras.

Como faço para pedir o auxílio-doença?

O primeiro passo para tentar receber o auxílio-doença é solicitar a perícia médica.

Mas, cuidado. Se você solicitar a perícia médica e não cumprir alguns requisitos, seu benefício pode ser negado pelo INSS.

A perícia pode ser agendada pela Central Telefônica 135 (gratuito para quem ligar de telefone fixo ou orelhão), ou no próprio site do INSS.

Um erro comum é os segurados não lerem as informações com atenção quando agendam a perícia. São informações cruciais para o seu atendimento, tais como:

  1. data, hora e local da perícia médica;
  2. documentos que você precisa levar no dia;
  3. requerimentos necessários para sua perícia.

Se você pular essa parte e não levar tudo que precisa no dia do seu atendimento, suas chances de conseguir o auxílio-doença vão lá embaixo.

Antes de tudo, reúna todos os documentos que o INSS pede para o auxílio-doença:

  • documento de identificação oficial com foto, o mais atualizado possível, que permita o reconhecimento do requerente;
  • número do CPF;
  • carteira de trabalho, carnês de contribuição e outros documentos que comprovem pagamentos feitos para o INSS;
  • documentos médicos decorrentes do seu tratamento, como atestados, exames ou relatórios, para serem analisados no dia da perícia médica;
  • para o empregado: declaração carimbada e assinada do empregador, informando a data do último dia trabalhado (se precisar, imprima o requerimento);
  • Comunicação de acidente de trabalho (CAT), se for o caso;
  • para o segurado especial (trabalhador rural, lavrador, pescador): documentos que comprovem essa situação, como a declaração de sindicato, contratos de arrendamento, entre outros.

Essa lista está no próprio site do INSS.

A marcação da perícia e os documentos que comprovam os requisitos para o auxílio-doença continuam do mesmo jeito mesmo após a Reforma.

E o valor? Quanto vou receber de auxílio-doença?

Antes, preciso avisar que essa regra de cálculo é válida para quem reuniu os requisitos para conseguir o auxílio-doença até a vigência da Reforma (13/11/2019). 

Depois da Reforma, houve uma pequena mudança na regra de cálculo, mais especificamente no salário de benefício. Vou falar disso mais para frente.

Auxílio-doença antes da Reforma da Previdência

Para calcular o valor antes da Reforma, o sistema do INSS vai procurar uma série de variáveis. O cálculo é feito da seguinte forma:

  1. salário de benefício (que é a média das 80% maiores contribuições a partir de 07/1994);
  2. aplica-se a alíquota de 91% (por exigência da lei);
  3. esse valor é limitado à média dos 12 últimos salários de contribuição;
  4. o valor desta conta é a Renda Mensal Inicial (RMI) – o valor inicial do auxílio-doença.

O valor da RMI não pode ser inferior a 1 salário mínimo (R$ 1.412,00 em 2024), e nem superior à média dos seus últimos 12 salários de contribuição.

Vou analisar dois exemplos para deixar bem claro como funciona o cálculo do auxílio-doença. Preste atenção nos casos do Enzo e da Valentina.

Exemplo do Enzo e da Valentina

Para calcular o auxílio-doença de Enzo e Valentina, primeiro o INSS determina o valor do salário de benefício, que é um cálculo um pouco complexo.

O sistema vai analisar seu histórico completo, separar as suas 80% maiores contribuições e fazer uma média desses valores.

Exemplo do cálculo: os dois colegas já contribuíram por 50 meses. Então, o sistema vai procurar os 40 maiores salários e fazer uma média desses valores.

Vamos supor que essa média seja R$ 2.000 para o Enzo e de R$ 2.500 para a Valentina.

Após chegar ao salário de benefício, o sistema vai aplicar a alíquota de 91% e verificar se o resultado ultrapassa a média dos últimos 12 salários de contribuição.

Se não ultrapassar, o seu RMI já estará definido. Se ultrapassar, seu RMI será igual à média dos seus últimos 12 salários de contribuição.

Vamos imaginar que, para o Enzo, a média das suas últimas 12 contribuições foi de R$ 2.200. Para a Valentina, a média foi de R$ 2.000.

No caso do Enzo, o valor depois da alíquota ficou em R$ 1.820. Como esse valor é menor do que a média dos seus últimos 12 meses (que era de R$ 2.200), ele não vai sofrer limitação e vai receber R$ 1.820 de auxílio-doença.

Já na situação da Valentina, após aplicados os 91%, o valor ficou em R$ 2.275. Esse valor ultrapassa a média dos últimos 12 meses dela (que era de R$ 2.000).

O auxílio-doença da Valentina vai ficar em R$ 2.000. Isso devido à limitação dos seus últimos salários.

O limite do auxílio-doença mudou com a Reforma?

Essa forma de cálculo vale desde 2015 e acabou limitando os valores do auxílio-doença de muita gente. Também já falamos dela por aqui.

A RMI já não podia ser maior do que o salário de benefício. Depois de 2015, também não pode ser maior que a média dos últimos 12 salários de contribuição do segurado.

Com a Reforma, esse limite continua valendo.

O exemplo que me deixa triste é o de um trabalhador que teve 4 anos de contribuição sobre um salário de R$ 8.000.

Há 12 meses, esse trabalhador teve que trocar de emprego e passou a receber R$ 2.000. Com a nova limitação, ele também terá uma RMI de R$ 2.000. Isto é, mesmo que a média dos 80% maiores salários de benefício desse trabalhador seja de R$ 8.000.

As pessoas que perderam o emprego, e continuam pagando o INSS sobre um salário mínimo para não perder tempo de aposentadoria, são prejudicadas com essa regra.

No final das contas, elas acabam recebendo o auxílio-doença sobre esse valor, e não sobre a média dos salários de suas carreiras.

Fiz tudo certo e mesmo assim meu auxílio-doença foi negado

Primeiro, é bom saber que é comum o INSS negar o auxílio-doença para o segurado.

Isso pode acontecer por alguma inconsistência no pedido, como com a falta de comprovações médicas suficientes ou documentos rasurados. Mas, a negativa também pode acontecer mesmo que os documentos estejam todos certos

Uma possibilidade de negativa é por conta dos médicos que realizam a perícia.

Como esses peritos nem sempre são especialistas, eles podem cometer erros quando não reconhecem a existência da doença que gerou a incapacidade do segurado.

Além disso, benefícios como o auxílio-doença costumam gerar um custo alto para a previdência. Assim, é normal que o órgão procure motivos para não gerar mais gastos para o governo.

Os custos da previdência social para o governo têm sido objeto de grande preocupação.

Portanto, as decisões que os profissionais desse órgão tomam e que podem gerar gastos, têm que ser bem fundamentadas. Senão, o próprio perito pode entrar em apuros por isso.

Dessa forma, como já informamos aqui no blog, você tem três opções caso seu auxílio-doença seja negado:

  1. aceitar a decisão;
  2. entrar com um recurso administrativo;
  3. ingressar com uma ação judicial.

Aceitar a decisão

Acredito que essa primeira opção seja inviável, já que se trata de um direito seu, a um benefício que vai cobrir suas necessidades básicas durante o período em que você não puder trabalhar.

Então, não recomendo ninguém a simplesmente aceitar a decisão.

Recurso Administrativo

A segunda opção é o recurso administrativo.

Embora o recurso seja menos burocrático que a ação judicial, ele tende a ter uma efetividade menor. Normalmente, o que pode acontecer no recurso administrativo é você passar por uma segunda avaliação, de outro médico, não especialista do INSS.

Tudo isso pode ser feito diretamente pela internet e sem a necessidade de você contratar um advogado.

O prazo para solicitar o seu recurso é de 30 dias a partir do dia em que você tomou ciência da decisão.

Se o recurso administrativo não der certo, ainda assim você pode buscar o Judiciário.

Processo Judicial

No processo judicial, o perito médico nomeado pelo juiz provavelmente será um especialista e, por isso, suas chances aumentam.

O tempo para análise pode ser maior.

Entretanto, se a decisão for positiva, você pode receber os valores retroativos desde o momento em que solicitou o benefício, ou desde quando o seu benefício foi cortado.

Quem eu devo procurar para resolver dúvidas ou entrar com ação?

O ideal é procurar profissionais especializados na área previdenciária, porque eles estão acostumados a lidar com esse assunto.

Profissionais especializados podem avaliar a sua situação e estimar as chances de êxito em um processo de auxílio-doença.

Para escolher um advogado, valem indicações de amigos, buscas pela internet, ou mesmo visitar a OAB e pedir indicações de advogados especialistas em previdenciário.

Só evite procurar advogados que resolvem sozinhos todos os tipos de processos, desde previdenciários até criminais. Ou, ainda, “procuradores” sem especialização na área.

Um único erro no seu processo pode não ter volta.

Como ficou depois da Reforma da Previdência?

A partir da vigência da Reforma (13/11/2019), a média aritmética simples de 100% dos seus salários de contribuição passou a ser considerada no cálculo do auxílio-doença, e não mais os 80% como era feito antes da Reforma.

Consequentemente, todos os seus salários vão ser considerados na hora de calcular seu benefício. Inclusive, aqueles de início de carreira, que geralmente são mais baixos. 

Isso causa uma diminuição no valor final do auxílio-doença.

Dito isso, a regra de cálculo, para quem reunir os requisitos para o auxílio-doença após a Reforma, vai ficar desse jeito:

  1. salário de benefício (100% da média aritmética dos seus salários);
  2. aplica-se a alíquota de 91% (por exigência da lei);
  3. esse valor é limitado à média dos 12 últimos salários de contribuição;
  4. o valor desta conta é a RMI, o valor inicial do auxílio-doença.

Além dessa alteração, também é possível que o governo faça modificações nas regras desse benefício de uma maneira mais fácil, por meio de lei complementar.

Para explicar melhor, a Reforma da Previdência (uma Emenda à Constituição Federal) teve que passar pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, com aprovação de ⅔ dos parlamentares em cada casa legislativa.

Já o processo de aprovação de uma lei complementar acontece pela aprovação da maioria simples. Ou seja, é um processo bem mais fácil para modificar as regras do auxílio-doença. É um absurdo!

Direito Adquirido

Importante explicar que essas regras da Reforma da Previdência são válidas para aqueles que ainda não possuem todos os requisitos necessários para o auxílio-doença.

Se você possuía os requisitos para esse benefício antes da Reforma, já tem direito adquirido.

Isto é, o cálculo do valor do auxílio-doença é melhor para na lei antiga.

Como me mantenho informado sobre tudo isso?

Se você chegou até aqui, já sabe mais do que muitos advogados inexperientes sobre o auxílio-doença.

Olha o que você acabou de aprender:

  1. quem tem direito ao benefício;
  2. o que é carência e a qualidade do segurado;
  3. se você tem qualidade de segurado;
  4. quando não é exigida a carência;
  5. como pode pedir o auxílio-doença;
  6. o que fazer se o auxílio-doença for negado;
  7. as mudanças do auxílio-doença na Reforma da Previdência.

E, também, soube de detalhes das mudanças mais recentes nas regras do benefício, incluindo as da Reforma. Além do mais, você entendeu que volta e meia o governo altera alguma coisa nessa área.

Se você for muito curioso e adora ler leis, as regras básicas do auxílio-doença estão na Lei 8.213, de 1991 – nesse link, aparecem todas as atualizações que estão válidas.

Mas, tenha em mente que alguns detalhes do auxílio-doença não precisam de lei para valer. Eles são determinados por órgãos de governo, como os ministérios da Saúde ou da Economia. São esses órgãos que atualizam, por exemplo, a lista de quais problemas são cobertos pelo auxílio-doença.

Por isso, você sempre deve buscar lugares confiáveis e com credibilidade para se manter atualizado, como o nosso Blog, que é escrito por especialistas em direito previdenciário.

Aqui, também estamos atentos, todos os dias, a qualquer mudança nas regras do governo e nas tendências de decisões do Judiciário.

Tudo que é importante, publicamos por aqui!

Gostou do conteúdo? Então, compartilha esse artigo com seus amigos e conhecidos.

Um abraço! Até a próxima.

Como Retirar o Informe de Rendimentos do INSS?

Saber que tem direito à restituição de imposto de renda, em vez de pagar, já é algo positivo, porém se você é beneficiário do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), para declarar seu imposto de renda é preciso, primeiro, acessar o seu informe de rendimentos do INSS.

Comum entre a maioria dos trabalhadores, o Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) refere-se aos ganhos mensais auferidos por uma pessoa física.

Para garantir que o valor seja adequadamente pago, no fim do ano, é preciso fazer uma Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física (DIRPF), em que se verifica se falta pagar algo ou se há deduções a fazer.

Porém, para que os beneficiários da seguridade social comprovem os valores recebidos mensalmente e preencham a Declaração da forma correta, é preciso obter um informe de rendimentos do INSS.

Saiba mais sobre esse documento e como acessá-lo a seguir!

1. O que é o informe de rendimentos do INSS?

Também chamado de extrato do INSS ou demonstrativo do Imposto de Renda, o informe de rendimentos do INSS é um documento oficial emitido pelo Instituto que contém um resumo dos valores recebidos pelos beneficiários da previdência pública, como aposentados e pensionistas.

Além de informar o Imposto de Renda recolhido mensalmente pelo contribuinte durante o último ano.

É o demonstrativo que comprova o recebimento adequado de benefícios durante o ano base.

Por esse motivo, o documento é obrigatoriamente utilizado para a produção da Declaração de Imposto de Renda, já que, a partir dos valores já recolhidos e da renda mensal auferida pelo segurado, é possível calcular o tributo remanescente ou verificar a possibilidade de restituição.

A forma mais simples e cômoda de retirar o extrato do INSS é através da internet.

No entanto, para isso, é necessário retirar o extrato no portal Meu INSS, que permitirá a obtenção do documento online, no conforto da sua casa.

2. Como fazer o cadastro no portal Meu INSS?

A primeira etapa a se tomar quando se deseja acessar o demonstrativo de rendimentos do Imposto de Renda é cadastrar-se no Meu INSS.

Para isso, é preciso entrar neste link e clicar em “Crie sua conta gov.br”.

Após isso, você deve optar por fazer seu cadastro com uma das opções disponíveis pelo site:

Opções de cadastro de demonstrativo de rendimentos.

Uma vez escolhida a opção, basta seguir as instruções do site.

Caso você opte por fazer seu cadastro pelo número do seu CPF, você deverá preencher algumas informações pessoais, como:

  • CPF;
  • Nome completo;
  • Número de telefone celular ativo;
  • Um endereço de e-mail válido.

Depois disso, aparecerão 3 perguntas a serem respondidas:

  • Qual é o primeiro nome da sua mãe?
  • Qual é o seu mês de nascimento?
  • Qual é o ano do seu nascimento?

Após respondê-las, serão feitas novas perguntas referentes aos vínculos de emprego, contribuições com o INSS, benefício já recebidos. 

Terminada esta etapa, é gerado um código de acesso provisório.

Com esse código, já é possível realizar o primeiro login no Meu INSS e criar uma senha definitiva.

Ao entrar, surgirá uma mensagem automática para a criação da nova senha.

A partir daí, o contribuinte terá um login e uma senha definitivos para acesso à sua conta no Meu INSS.

Além do acesso ao demonstrativo do Imposto de Renda, o site oferece uma série de outros serviços e informações previdenciárias úteis ao trabalhador.

Vale ressaltar que o cadastro pode dar errado se houver alguma divergência entre as informações prestadas e as reais!

Até mesmo erros de digitação no nome do beneficiário ou da mãe, como letra trocada ou falta de acento, podem levar a problemas de cadastro.

Por isso, é importante usar dados verdadeiros e prestar atenção em deslizes ao digitá-los!

Mesmo assim, ainda pode ocorrer de as informações usadas, mesmo corretas, estarem desatualizadas em relação às registradas junto ao próprio INSS.

Dessa forma, em qualquer hipótese de erro no cadastro, o segurado deve agendar no INSS uma atualização de cadastro, podendo retirar a senha de acesso numa de suas agências.

Mais informações sobre outras formas de acesso estão no último tópico deste texto.

3. Como e quando devo consultar o extrato no Meu INSS?

Uma vez portador de login e senha, o segurado está pronto para entrar em sua conta do Meu INSS.

Acessando o portal, o beneficiário deve procurar o campo “Imposto de Renda”, que deve estar na lateral esquerda da tela, e consultar o Extrato de Imposto de Renda (IR).

Então será gerado o demonstrativo de rendimentos.

O site da Secretaria da Previdência ainda informa: “durante a consulta, caso o navegador apresente a mensagem de erro código 1004, o segurado deve realizar a limpeza de cache, cookies e histórico na barra de navegação para consultar o demonstrativo”.

Quanto à época para envio da Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física (DIRPF) e obtenção do demonstrativo, o contribuinte pode ficar tranquilo.

O prazo para envio da DIRPF em 2022 já se esgotou, então a próxima declaração só acontece em 2023.

O período de entrega foi durante os meses de março e a maio.

Os atrasados devem pagar multa ao fisco de até 20% do valor devido.

Por isso, o melhor é se preparar o quanto antes. Levando em conta os prazos do ano passado, é importante pegar o informe de rendimentos do INSS com antecedência.

A DIRPF de 2022 se refere à renda do período de 01/01/2021 a 31/12/2021.

Portanto, o ideal é que, no começo de 2023, o beneficiário já acesse seu informe de rendimentos e reúna os outros documentos necessários para realizar a declaração com calma.

4. Há outros modos de obter o demonstrativo de rendimentos?

Existe uma outra forma, mais antiga, de acesso pela internet do demonstrativo de rendimento, sem necessidade do Meu INSS.

Utilizando o site do INSS, é possível localizar o extrato atual, além de demonstrativos de anos anteriores.

Outras formas de consultar os demonstrativos de renda?

Para isso, é preciso colocar as seguintes informações:

  1. Ano calendário;
  2. Número do benefício (somente a numeração, sem pontos, traços ou barras);
  3. Data de nascimento do beneficiário (com 4 algarismos no ano. Também não é necessário colocar as barras);
  4. Nome completo do segurado;
  5. Número do CPF do beneficiário (sem pontos, traços ou barras).

Por fim, por questões de segurança, é necessário confirmar que você não é um “robô”.

Uma vez inseridas e confirmadas todas as informações, é gerado o extrato do INSS do beneficiário.

É possível conseguir o informe de rendimentos do INSS de forma física, através de atendimento direto nas agências de Previdência Social, ou imprimi-lo em terminais de autoatendimento dos bancos pagadores dos benefícios.

No entanto, o próprio INSS sugere que a opção pela internet seja priorizada, já que, além de mais cômoda ao contribuinte, ajuda a desocupar as sedes da Previdência Social e diminuir a espera de atendimento.

É importante lembrar que, caso existam quaisquer dúvidas a respeito do processo de cadastro no Meu INSS, da função do extrato do Imposto de Renda ou da obtenção do demonstrativo do INSS, elas podem ser sanadas ligando para a Central 135.

Agora que você já sabe como obter seu informe de rendimentos da forma mais cômoda possível, pode ser que existam outras dúvidas sobre seguridade social ou sobre o INSS.

Afinal, não é fácil saber todas as informações sobre a previdência brasileira!

Por isso, que tal começar descobrindo 7 coisas que o INSS não conta?